Não era pra ser tão real. Não eram pra ser as projeções tão perfeitas. Mas ela sempre acabava se misturando naquela irrealidade vadia. Um-dois-três, Um-dois-três. E mesmo assim não se achava. Era realidade dentro de sonho ou sonho dentro de realidade. E o ser realmente não o era, ou era? E ela construía, modificava, destruía, jogava fora coisas que sequer existiam. Nada fazia sentido pra quem não entrava em seu mundo. Eles, em suas realidades, a observavam. Ela, criava assassinos, debochadores, palhaços e reis. E o que era real? E o limite entre o que era real e imaginário? Uma rosa que ela apanhava, o espinho que furava seu dedo. O cigarro que acendia todas as manhãs. A transa da noite passada. A filha que nunca mais voltou. Ela dentro dela, outrora, ela fora dela. O mundo dentro de apenas uma cabeça. Comprimidos. Alucinação.