terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

DEDICATÓRIAS


Eu sempre gostei das folhas sem margens, elas permitem palavras infinitas e ilimitadas, fora das linhas, fora do contexto. Permito-me tomar um trago de palavras embaladas por letras de blues. E adoto aquelas que não foram ditas, essas que ficam entaladas e dão um nó na garganta. Respiro fundo e começo a trabalhar, junto letra com letra, ponto com letra, frase sem letra. Gosto de escrever com lápis bem apontados e folhas totalmente brancas. Escolho as brancas por ser um desafio, traçamos uma história sem nenhum ponto de partida, começo a escrever no final, no meio da folha com a total liberdade do nada que é a cor branca. Não gosto de colorir esse tipo de papel, é muito mais elegante o preto e o nada.

Minhas mãos nunca foram de escrever homenagens. Homenagens requerem frases bonitas, requerem um texto bem escrito para que se possa ler num tom de voz alto e confiante. Os textos que escrevo, porém, são facadas, são perfurações que faço com o grafite bem afiado do meu lápis. Não são confiáveis e não se encontram finais felizes sequer nas entrelinhas. Meus textos são um tanto quanto egoístas e não suportam a idéia de serem coloridos com tinta guache e nem de repartirem seus alfabetos de sentimentos com alguém que o lê tomando café. Eles têm sentido próprio.
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Não vou pedir desculpas por nunca ter feito um poema ou um conto de despedida para presenteá-lo. Eu escrevo sobre os cigarros já tragados, as garrafas de wisk vazias e as unhas já roídas. Disserto sobre meu suicídio de ontem ou a estrangulação de outrora. Narro todos seus assassinatos e minhas traições. E de palavra em palavra vou gritando em seus ouvidos o meu silêncio sedutor. Olhe debaixo da porta, deixei outra carta de amor sem dedicatória.
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Bianca Azenha

18 comentários:

Jaquelyne Costa disse...

Menina, eu já te disse que você é demais?Já?
Eu quero ser você quando eu crescer!!


Beijos, Bianquita!!

Ester disse...

Delicioso texto!!

De grito em grito vc vai dando o seu recado e descortinando-nos novos horizontes,

beijos querida!

Clari disse...

mto bem! Escreva sempre!

http://umpoucodispersa.blogspot.com

Clari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Clari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abraão Vitoriano disse...

Bianca sempre ultrapassa qualquer escândalo...
ela monta uma cena num piscar
e não se esforça pra isso, ela sente e nos "mata"...
Beijos Flor!

Lari Reis disse...

Bianca! Eu AMEI esse texto! Do fundo do meu coração, ficou ótimo. Parabéns!

Eu nunca parei para pensar sobre como meus textos são... Eles me são tão naturais que acho difícil definí-los. Com certeza, não são textos para serem lidos em voz alta e confiante. São textos introspectivos que encontraram uma janela de fuga no papel.

Um BEijo;*

Unknown disse...

Muitíssimo obrigada a todos pelo carinho! É mais que uma honra tê-los por aqui...

Um beijo infinito!!

Felipe Attie disse...

"u escrevo sobre os cigarros já tragados, as garrafas de wisk vazias". Porra, quando for beber me chame! Voltarei aqui e nós marcamos melhor!

Isabelle.C disse...

Você escreve muito bem... Gostei do texto d+ mesmo...

Abraão Vitoriano disse...

minha menina lustre
passa la em mim... tens uma coisinha pra tu...
beijos!

Anônimo disse...

passe no meu blog tem uma surpresa pra vc.

www.diarioalicewbrasil.blogspot.com

Beijos!!!

Paulo Roberto! disse...

Te faço um, desafio, esta na minha página, Desafio aleatório,
espero que aceites!

Abraços!

Lindoooooooooo espaço!!

Amanda disse...

Nossa, você escreve muito bem.
Adorei o texto.

Também gosto das folhas brancas, sem margem e de escrever com lápis bem forte.
Pena que eu não escreva coisas tão profundas assim...Me limito aos meus cadernos escolares e universitários.

Obrigado pela visita.
Beijinhus ;*

Deni disse...

ho ho hoo
belaspalavras moçinha . . .
mas nao se martirize tanto ....ame-se primeiramente...e tudo fikaram no minim menos dificil..


atualizei o
www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

tá convidadérrim pra ir lá cmo sempre

abraçooo
e ótima terça!

Poeta Mauro Rocha disse...

Sem dedicatória...mas assinada com amor.

Você escreve muito bem.Parabéns.

BJS

José Carlos Brandão disse...

Uma vez eu escrevi: "quero o poema como uma faca na barriga". É o que você escreve: "Os textos que escrevo, porém, são facadas".
E no final você diz: "E de palavra em palavra vou gritando em seus ouvidos o meu silêncio sedutor." Verdade. Quer coisa mais sedutora que o silêncio? E que grite mais alto?
Um abração.

Abraão Vitoriano disse...

Obrigado meu amor...
cê sabe que no meu coração tem um espaço que é só teu...
beijos,
e que sua luz nos banhe sempre!
fica com Deus!