quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Como se debaixo dessa imensidão de pele não existisse mais carne, mais sangue. Existiam é mais sentimentos à flor da pele, a última gota d'água; existiam enjôos, náuseas e vômitos embolorados. Debaixo dessa pele, agora é só osso podre, é menos água, é cada engolida de água e sal. Um revestimento claro, doloroso, mas bonito. Um sorriso esboçado por um lápis sem ponta, falso, magro e sem cor. Na ponta dos dedos um objeto quase desconhecido, pintado de vermelho, roído. Entre esses dedos um cigarro, murcho, estranho e aguado por uma saliva ainda cheia de tempestades. Na superfície branca desse corpo, há olhos, bocas e choro escondido. Na pele, que guarda certos segredos se debatendo pra sair, não há delicadeza que consiga sequer triscá-la e não provocar dor, desmaios. Mas é dentro dessa pele que existe salto alto, batom vermelho e disposição pra mais um amor, desses que mal cabe dento de algum pulmão, e que um grande pedaço dele fica escondido debaixo da goela querendo escapar.











Bianca Azenha

3 comentários:

Unknown disse...

Amor adorei tudo isso...Cujo,fiquei fascinado..."Na pele, que guarda certos segredos se debatendo pra sair, não há delicadeza que consiga sequer triscá-la e não provocar dor, desmaios."

São coisas que eu gosto de ler e me dar inspiração não apenas para compor...Mas, para contemplar a vida.

bjs

Marcello Moraes

Poeta Mauro Rocha disse...

Ola!! Segredos entre peles que borbulham para sair e o batom vermelho como prova de que o amor é a marca registrada.Adorei!! Beijos!!

Poeta Mauro Rocha disse...

Ola!! Passei para desejar um ótimo fim de semana e para dizer que se você tiver um tempinho vá ao http://www.docesepublicacoes.blogspot.com/ e veja as obras primas que estão surgindo por lá.

Um abraço!!