sábado, 3 de janeiro de 2009

Crime na Rua 29.

Mais um de meus textos covardes. Até hoje nenhuma mensagem. Ah, como era bom aquele cheiro, as carícias. Queria sonhar novamente, minha cama amanhece fria e arrumada e muitos cadernos em branco e com cheiro de fumaça. Saudade que sinto dos textos que eram dedicados a mim. Uma noite! Eu desejava-a por uma noite apenas. Mas pouco importa, ainda resta o pôr-do-sol e na sala, uma estante cheia de livros para completar o vazio. Hoje ela não me dá nenhum suspiro sequer de inspiração. Não tenho mais forças para conversas banais. E o que me resta é uma canção para lembrar mais um momento qualquer, que com certeza, daqui a uns 3 ou 5 anos bem vividos, minha memória se encarregará de esquecê-lo.


Por favor, mais café!


E eu que nesta vida de libidinagem ainda deixarei um fruto de uma paixão que nunca foi paixão. Uma criança bem longe daqui adormece pensando que tem um pai. Ah, que música inebriante que está tocando. Faz-me lembrar novamente daquele gosto de fim de tarde. Ela parava sempre na próxima estação, mas morava muito longe daquele lugar. Dizia que era amor, insistia no amor, porém o som de suas palavras era o silêncio. Era nosso fundo musical. Nunca dizia nada. E quando partiu, nunca mais voltou e ainda como uma boa mulher ousada, deu-me um beijo na testa e deixou a luz do quarto acesa. Depois de muitos ponteiros rodados do relógio da cozinha, ela beija uma mulher, um homem e volta com um poema para mostrar-me. Ah, que menina doce!


Felizmente meus remédios começaram a transpirar pela minha epiderme falsa e meus ossos, meus ossos cada vez mais frágeis. Tenho a magreza estampada no rosto que reflete no espelho sujo, rosto amargurado, terno, vingativo e infantil. Hoje eu não tenho café. Mamãe dormiu e nunca mais acordou. Papai foi à igreja da esquina e aproveitou para beber uma dose e fumar um pouco. Hoje eu sou um assassino. Era uma bela jovem de cabelos longos e olhares pecadores. Burra, era burra, acreditava em minhas mentiras mal contadas ao pé dos seus ouvidos. Tomou-lhe cada palavra como verdade, mas não me quis, escolheu a liberdade e me agradeceu. Eu só queria uma noite... Alguém viu meus cigarros?


Bianca Azenha

5 comentários:

bia de barros disse...

Eu só queria ter asas pra poder realizar sonhos psicopatas de liberdade e libertinagem.

Magistral.
Parabéns.*.*

Jaquelyne Costa disse...

Nossa!!
Você é uma ótima contista!!!!!
Menina, cada dia você esbanja seu potencial e nos regala!!
Parabéns!!
Beijos

Unknown disse...

Ah gente, adoro muito vocês. Obrigada mesmo!! Beijãããããooo pras duas!! :**

Marcelle Lins disse...

Biianca,

Vc tem realmentee muito potencial como escritora!

Vc me surpreendeu com esse conto.
Amei, simplesmentee.

Tenhaa um 2000 "inove" fantasticamentee criativo e extasiantee..

Beijoos

Bianca Azenha disse...

Um ótimo 2009 pra ti também e muito obrigada, meu anjo!

beijos